Solenidade do Corpo de Deus - Procissão do Santíssimo Sacramento e 1.ª Comunhão e Profissão de Fé

18-06-2009 23:52

 

Solenidade do Corpo de Deus

 

A Solenidade Litúrgica do Corpo e Sangue de Cristo, conhecida popularmente como “Corpo de Deus”, começou a ser celebrada há mais de sete séculos e meio, em 1246, na cidade belga de Liège, tendo sido alargada à Igreja universal pelo Papa Urbano IV através da bula “Transiturus”, em 11 de Agosto de 1264, dotando-a de missa e ofício próprios, para ser celebrada na quinta-feira após a Festa da Santíssima Trindade, que acontece no domingo depois de Pentecostes. Teria chegado a Portugal provavelmente nos finais do século XIII e tomou a denominação de Festa de Corpo de Deus, embora o mistério e a festa da Eucaristia seja o Corpo de Cristo. Esta exultação popular à Eucaristia é manifestada no 60° dia após a Páscoa e forçosamente uma Quinta-feira, fazendo assim a união íntima com a Última Ceia de Quinta-feira Santa. Era, à época, uma festa de adoração, não envolvendo a procissão pelas ruas. O rito da procissão foi instituído pelo Papa João XXII (1317).

Em 1311 e em 1317 foi novamente recomendada pelo Concílio de Vienne (França) e pelo Papa João XXII, respectivamente. Nos primeiros séculos, a Eucaristia era adorada publicamente, mas só durante o tempo da missa e da comunhão. A conservação da hóstia consagrada fora prevista, originalmente, para levar a comunhão aos doentes e ausentes. Só durante a Idade Média se regista, no Ocidente, um culto dirigido mais deliberadamente à presença eucarística, dando maior relevo à adoração. No século XII é introduzido um novo rito na celebração da Missa: a elevação da hóstia consagrada, no momento da consagração. No século XIII, a adoração da hóstia desenvolve-se fora da missa e aumenta a afluência popular à procissão do Santíssimo Sacramento. A procissão do Corpo e Sangue de Cristo é, neste contexto, a última da série, mas com o passar dos anos tornou-se a mais importante.

Sabemos que o dia dedicado ao Santíssimo Sacramento é a Quinta-feira Santa, quando Cristo celebrou a Santa Ceia com os apóstolos e instituiu a Eucaristia. Aliás, sabemos que a Eucaristia é um dos sete sacramentos e foi instituído na Última Ceia, quando Jesus disse: “Este é o meu corpo...isto é o meu sangue... fazei isto em memória de mim”. Porém, naquela época “não há tempo para darmos aquelas homenagens que Cristo merece, porque, logo em seguida, vem o luto da Sexta-feira Santa e toda a atenção dos fiéis é dirigida à Morte de Jesus na cruz e sua Ressurreição na Páscoa”. Então, a festa de Corpus Christi é celebrada na quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade, como um complemento da instituição da Santíssima Eucaristia na Quinta-feira Santa”. Porque a Eucaristia foi celebrada pela 1ª vez na Quinta-Feira Santa, Corpus Christi celebra-se sempre numa quinta-feira após o domingo depois do Pentecostes.

A Eucaristia é também celebração do amor e união, da comum-união com Cristo e com os irmãos. A Eucaristia, que é a renovação do sacrifício de Cristo na cruz, significa também reunião em torno da mesa, da vida e da unidade para repartir o pão e o amor. Do desejo primitivo de “ver a hóstia” passou-se para uma festa da realeza de Cristo, na “Chirstianitas” medieval, em que a presença do Senhor bendiz a cidade e os homens. A “comemoração mais célebre e solene do Sacramento memorial da Missa” (Urbano IV) recebeu várias denominações ao longo dos séculos: festa do Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo; festa da Eucaristia; festa do Corpo de Cristo. Hoje denomina-se solenidade do Corpo e Sangue de Cristo, tendo desaparecido a festa litúrgica do “Preciosíssimo Sangue”. A procissão com o Santíssimo Sacramento é recomendada pelo Código de Direito Canónico, no qual se refere que “onde, a juízo do Bispo diocesano, for possível, para testemunhar publicamente a veneração para com a santíssima Eucaristia faça-se uma procissão pelas vias públicas, sobretudo na solenidade do Corpo e Sangue de Cristo” (cân 944, §1). É recomendado que nestas datas, a não ser por causa grave e urgente, não se ausente da diocese o Bispo (cân. 395).

 

“Haec est dies quam   fecit Dominus.”

“Eis o dia que fez o Senhor” (Sl 117, 24).

 

Todos os dias provêm de Deus e devem à Sua Bondade sucederem-se com tão admirável regularidade. Todavia, se, entre sete dias da semana, Deus dá seis aos homens, para seus trabalhos e suas necessidades, reserva um para Si. O domingo é, portanto, de modo especial, o Dia do Senhor. Mas, entre todos, há um dia que é exclusivo de Deus – Corpus Christi, dia que, na verdade, o Senhor reservou para Si, para Sua glória e para manifestar o Seu Amor. E quão belo e o nome! Dia festivo para Deus e também para nós, seus discípulos.

A festa de Corpus Christi, designada pela Igreja festa do Corpo Sagrado de Jesus Cristo, Festum Sacratíssimi Corporis Christi, é o único dia que é consagrado a honrar tão somente a Sua adorável Pessoa, a Sua Presença viva por entre nós. É também a mais deliciosa das festas. Não nos foi dado assistir aos Mistérios da Vida e da Morte do Salvador que celebramos no correr do ano, embora nos alegremos pelas muitas graças que recebemos. Mas aqui participamos do Mistério – Mistério todo nosso – que se realiza sob nossos olhos. Existe entre Jesus vivendo no Sacramento e nós no mundo, uma relação de Vida, uma relação de Corpo a corpo. É porque esta festa não se chama simplesmente a festa de Nosso Senhor, mas a Festa do Corpo de Nosso Senhor. Por esse Corpo, nele tocamos. Por esse Corpo tornou-se nosso alimento, nosso irmão, nosso hóspede. Festa do Corpo de Jesus Cristo! Quanto Amor envolve tal nome, por ser humilde e proporcionado à nossa miséria. Nosso Senhor desejou essa festa para se aproximar cada vez mais de nós. Não deseja o pai ver o filho celebrar-lhe o aniversário, por lhe dar ocasião de provar com maior vivacidade seu amor paternal e lhe poder conceder algum favor particular?

Seja esta festa toda de alegria e ser-nos-ão concedidos insignes favores. Os hinos e cânticos desta solenidade exprimem a idéia de que Nosso Senhor se mostrará neste dia mais favorável que noutro qualquer. Por que não celebra a Igreja a Festa do Corpo de Deus na Quinta-feira Maior, dia da instituição da Eucaristia? Porque nesse dia, todo de luto, em que se inicia Sua Paixão, não teria podido celebrar sua alegria de modo condizente. Impossível lhe é regozijar-se ao meditar na Morte, pensamento que domina os magnos dias da Semana Santa. A Festa do Corpo de Deus foi igualmente adiada para depois da Ascensão pelas tristes despedidas que restavam ainda fazer, pela dolorosa separação a consumar, e para depois de Pentecostes, para que, cheios das graças e do júbilo do Espírito Santo, possamos celebrar, com toda a pompa, a festa do Esposo divino que habita entre nós.

A Festa do Corpo de Deus é a maior festa da Igreja, esposa de Nosso Senhor glorioso e ressuscitado, e não de Jesus Cristo nascendo ou morrendo. Ao realizarem-se esses Mistérios, ela não existia ainda. É natural que deseje seguir ao divino Esposo no Presépio e nos sofrimentos, porém desses Mistérios guarda apenas a lembrança e as graças.

Esta festa pertence-nos a nós, adoradores que somos do Augusto Sacramento. A sociedade do Santíssimo Sacramento, em diversos ramos, só existe para celebrar continuamente, em louvor a Jesus Cristo, a Festa do Corpo de Deus. Prolongá-la por todo o ano, eis a lei da nossa vida, da nossa felicidade. Deixaremos aos demais filhos da Igreja administrar os Sacramentos, cuidar dos pobres, sarar as chagas físicas e morais da miséria humana. A nós cabe perpetuar a Festa do Corpo de Deus.É, portanto, para nós, irmãos em Cristo, a nossa festa. Não celebrais, na verdade, ao comungardes, no vosso coração, a Festa do Corpo de Deus? Se Nosso Senhor não vivesse no Seu Sacramento, todas as festas cristãs seriam funerais renovados. Mas a Eucaristia, o sol das festas da Igreja, iluminando-os, vivifica e alegra-os. A alma que sabe comungar, e o faz com frequência, é mui justamente apelidada “juge convivium” (festim perpétuo). Quem vive com Jesus em si, de Jesus e por Jesus, é um tabernáculo, um precioso cibório. Jesus é um terno pai: sejamos filhos dedicados. É um amigo fiel; provai quão suave é Seu Amor. Penetrai nessa imensa Bondade: “Sentite de Domino in bonitate!”

Que a festa de Corpus Christi nos ajude a construir nesta terra o Reino dos Céus. Portanto, “felizes os convidados para a ceia do Senhor”.

 

 

Procissão do Santíssimo Sacramento

1.ª Comunhão e Profissão de Fé

 

Como vem sendo hábito, há anos a esta parte, a soleníssima procissão do Santíssimo Sacramento, na Carapinheira, realiza-se no domingo seguinte ao dia do Corpo de Deus. Assim, este ano, o majestoso cortejo litúrgico teve lugar domingo, 14 de Junho. Também, neste dia, com os tradicionais ritos da Igreja Católica, dezenas de crianças e adolescentes fizeram a sua 1.ª Comunhão e Profissão de Fé, respectivamente, durante a Celebração da Eucaristia, presidida pelo padre António Domingues.

No final da Eucaristia, teve início a soleníssima procissão do Santíssimo Sacramento, presidida pelo mesmo presbítero, e acompanhada musicalmente pela Filarmónica 15 de Agosto de Alfarelos, nela se incluindo os Escuteiros (que abriram o préstito), centenas de fiéis (sem opa); a Confraria das Almas, com seu pendão; as crianças da 1.ª Comunhão e os adolescentes da Profissão de Fé; e a Confraria do Santíssimo Sacramento, com seu pendão, e onde se integrou o Pálio, sob o qual, seguia o pároco com o “Corpo de Cristo”.

Foi uma festividade de intensa fé, devoção e esperança em Jesus Salvador, que marcou a religiosidade desta comunidade paroquial. AA

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