Dia Mundial das Comunicações Sociais

27-05-2009 22:03

 

 

Igreja: Dia Mundial das Comunicações Sociais

 

O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi instituído durante o Concílio Vaticano II, pelo artigo 18.º do Decreto Conciliar, Inter Mirifica, promulgado pelo Papa Paulo VI, no dia 4 de Dezembro de 1963. Os bispos entenderam que os meios de comunicação são indispensáveis para o anúncio da Boa Nova do Reino de Deus, estão a serviço dos povos e por isso, “a humanidade precisa louvar a Deus por estas novas maravilhas”. Tem como objectivo a reflexão, a acção e as ofertas dos fiéis destinadas “a sustentar e a fomentar (...) as instituições e as iniciativas promovidas pela Igreja nesta matéria”.

A Pontifícia Comissão para as Comunicações Sociais, na carta de 14 de Junho de 1966, determinou que o Dia Mundial das Comunicações é o Domingo da Ascensão do Senhor, comemorando-se, desde 1967, no sentido de alertar os homens para o vasto e complexo fenómeno dos modernos meios de comunicação social, uma das principais características da nossa civilização. A Igreja, ao fixar um dia do ano para comemorar as Comunicações Sociais, objectivou convocar a participação das comunidades católicas, Dioceses, que solicitem ao povo de Deus para rezar, colaborar com os ‘media’ da sua comunidade e servir-se dela para o anúncio do Evangelho. 

As cartas promulgadas pelos papas para o Dia Mundial das Comunicações são profundas e oferecem conteúdo rico, além dos questionamentos pertinentes ao uso e à educação para a comunicação. De Paulo VI, passando por João Paulo II e agora chegando a Bento XVI, o Dia Mundial sempre contou com um tema especial para a reflexão, não só da Igreja Católica, mas de todos os que se interessam pelas comunicações sociais.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se celebrou dia 24, foi assinalado pelo Papa com a criação de um portal para os jovens, dando corpo ao que propõe na sua mensagem: a utilização das novas tecnologias na Evangelização.

O portal, acessível em www.pope2you.net, possui ligações para a rede social Facebook, para o iPhone, para a rede de partilha de vídeos YouTube e para a WikiCath, uma ferramenta tecnológica que apresentou a mensagem do Papa Bento XVI para este dia de forma interactiva, com ligações à Wikipedia para definição dos termos ali empregues.

O 43.º Dia Mundial das Comunicações Sociais teve, este ano, o lema “Novas tecnologias, novas relações: Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade”, com Bento XVI a exortar os jovens a serem “arautos da fé”, divulgando o Evangelho nas novas formas de relacionamento proporcionadas pelas tecnologias, desde a Internet ao telemóvel.

“Estas tecnologias são um verdadeiro dom para a humanidade: por isso devemos fazer com que as vantagens que oferecem sejam postas ao serviço de todos os seres humanos e de todas as comunidades”. Palavras de Bento XVI, na Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2009.

Novas tecnologias, novas relações

 Os meios de comunicação têm surgido num contexto de mudanças tecnológicas, comerciais, políticas e culturais. Estas mudanças, desenvolvidas no final do século XV com o mercantilismo, provocaram o aparecimento da Imprensa (1456) foram intensificadas nos séculos XIX e XX, com a Revolução Industrial e Tecnológica: a reprodução da imagem pela fotografia (1839) e pelo cinema (1895) e a descoberta da comunicação à distância, cujos primeiros ensaios foram feitos por Marconi, em 1893, que transmitiu sinais por ondas electromagnéticas, sem fios. Foi já no século XX que estes meios tomaram forma e se expandiram: o rádio em 1915 e a televisão em 1940.

Com a Imprensa, a comunicação e a informação, antes feitas essencialmente de pessoa a pessoa, passaram a chegar a pontos mais distantes e remotos. No século XIX, chegavam por vezes com alguns dias ou horas de atraso. Depois, mediadas pelas tecnologias, cada vez mais sofisticadas e universais, chegam a todo o mundo praticamente no instante do próprio acontecimento.

De facto, a evolução tecnológica veio alterar de forma significativa a comunicação social: a televisão e a rádio permitem a comunicação de imagens e palavras a uma escala universal. Os telemóveis e os computadores, particularmente por intermédio da internet, possibilitam o acesso à informação de forma imediata, permanente e global; de qualquer ponto do mundo é possível enviar uma mensagem e ela ser vista em qualquer outro ponto do mundo, em tempo real. E (re)vê-la depois as vezes que se quiser.

Este facto, a par da generalização do acesso aos meios informáticos, veio alterar de forma significativa o modo como se faz informação, quer sejam notícias, opiniões ou publicidade, A televisão e a imprensa, para além dos programas emitidos e das edições impressas, disponibilizam na internet a informação, que se pode visualizar a cada momento. No geral, em rede, a informação chega a estar disponível antes de ser emitida ou impressa.

Os próprios jornais têm edições digitais. Este facto permite o diálogo e a interacção entre o emissor da notícia (o jornal ou o jornalista) e o receptor (o público), através de espaços de debate, opinião ou sondagem.

Buscar a verdade para compartilhá-la

Os meios de comunicação estão mais do que nunca fundados na tecnologia, na organização empresarial e no relacionamento com o público. São empresas organizadas com diferentes finalidades e fins, inseridas no contexto económico e social, que produzem e fazem circular informações de todos os tipos e géneros, tendo em vista o seu público-alvo, mas sempre abertos a novos públicos.

O papel da comunicação social é decisivo para a comunidade. É a forma de comunicar em grande escala - noticiar, divulgar, formar, distrair. Comunica-se o que se passa no mundo próximo ou distante, a evolução política, económica, social, cultural. Tanto pode ser informação genérica como sobre temas específicos.

O que é divulgado é o que é conhecido, é o que é notícia, é o que é “a verdade”. Este aspecto obriga o jornalista, como criador da informação, a uma ética e princípios sólidos, para que a informação divulgada seja concreta, verdadeira, apresentando os vários aspectos e facetas, e não manipulada, parcial ou centrada apenas num aspecto reduzido ou secundário.

A ética no jornalismo é, antes de mais, o respeito do jornalista pela sua profissão, que deve desempenhar com competência, olhando a sua actividade como uma tarefa que desempenha em nome de outro para procurar a verdade, servir a verdade e não para obter (ou servir) qualquer poder.

A manipulação da informação é relativamente fácil, situação agravada muitas vezes pela falta de espírito crítico por parte do público, que assume como verdade o que ouve ou vê, sem procurar noutras fontes a indispensável confirmação. Por outro lado, o papel da internet, com a capacidade de divulgação imediata e plural, se por vezes permite o acesso a outras opiniões, noutros casos leva à multiplicação da mesma mensagem, mesmo que parcial ou incorrecta.

Há pois um importante papel de serviço, que supõe missão, razão de ser: «Buscar a verdade para compartilhá-la», nas palavras de Bento XVI.

Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade

“Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade”, é o tema que o Papa propõe para este 43.º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Trata-se de uma reflexão “dos compromissos e das responsabilidades que a comunicação e os homens da comunicação são chamados a assumir pessoalmente, num tempo marcado tão fortemente pelo desenvolvimento das novas tecnologias mediáticas, que criam um novo ambiente, uma nova cultura”, diz o arcebispo D. Cláudio Maria Celli, presidente do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais, para quem “os meios de comunicação social podem dar uma grande contribuição para favorecer o clima de diálogo e de confiança.”

Na sua carta para o Dia Mundial das Comunicações Sociais deste ano, Bento XVI sublinha que “os jovens deram-se conta do enorme potencial que têm os novos “media” para favorecer a ligação, a comunicação e a compreensão entre indivíduos e comunidade, e usam-nos para comunicar com os seus amigos, encontrar novos, criar comunidades e redes, procurar informações e notícias, partilhar as próprias ideias e opiniões. Desta nova cultura da comunicação derivam muitos benefícios: as famílias podem permanecer em contacto apesar de separadas por enormes distâncias, os estudantes e os investigadores têm acesso mais fácil e imediato aos documentos, às fontes e às descobertas científicas e podem por conseguinte trabalhar em equipa a partir de lugares diversos; além disso a natureza interactiva dos novos “media” facilita formas mais dinâmicas de aprendizagem e comunicação que contribuem para o progresso social.”

É importante ter a noção de que as novas tecnologias são criadas para o Homem e não o Homem para elas: há que usá-las tanto quanto ajudam cada um a seguir o caminho que Deus traçou para si, e não à custa da «disponibilidade para a família, para os vizinhos e para aqueles que encontramos na realidade do dia-a-dia, no lugar de trabalho, na escola, nos tempos livres», como refere o Papa, alertando para o risco da pessoa – não só o adulto, mas também a criança e o jovem – se isolar de Deus e do mundo, perturbando as formas de repouso, de silêncio, de reflexão e de relação, necessárias para um são desenvolvimento humano.

“À luz da mensagem bíblica”, refere Bento XVI, o desenvolvimento dos meios de comunicação deve “ser lido como reflexo da nossa participação no amor comunicativo e unificante de Deus, que quer fazer da humanidade inteira uma única família” e encoraja “todas as pessoas de boa vontade, activas no mundo emergente da comunicação digital, a que se empenhem na promoção de uma cultura do respeito, do diálogo, da amizade”. (A A, com Mensageiro de Santo António)

 

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