Celebrar o patrono: a festa viva de uma paróquia

29-07-2009 22:21

 

Celebrar o patrono: a festa viva de uma paróquia

Celebrar o patrono significa, por extensão, exaltar, em comunhão, a comunidade católica, a paróquia.

Patrono, orago ou padroeiro é um santo ou anjo a quem é dedicada uma localidade, uma freguesia, uma comunidade católica, um templo. Com efeito, embora hoje uma freguesia seja uma instituição de carácter político e administrativo, exclusivamente subordinada aos poderes civis, a sua origem emerge da paróquia católica, que constituiu, em tempos idos, a malha mais fina de administração em Portugal. Por esta razão, a “protecção” do santo, para lá do templo, estende-se a toda a paróquia ou freguesia. A freguesia da Carapinheira, canonicamente erecta de Paróquia de Santa Suzana da Carapinheira, há mais de quatro séculos, venera e tem a protecção da virgem e mártir Santa Suzana.

Nós cristãos, adoramos a Deus. Mas, como católicos, veneramos e invocamos a Virgem Maria, os anjos e os santos, os amigos de Deus, que já estão na Sua glória. Desta maneira, através deles, honramos a Deus, porque são como um espelho no qual vemos algo da infinita perfeição de Deus. Portanto, ao venerar os santos, celebrando a sua memória e pedindo a sua intercessão, seguindo o seu exemplo e honrando as suas relíquias e imagens, estamos a glorificar a Deus. O católico não adora imagens. O católico adora o Cristo Salvador e venera os santos. Existe uma diferença entre adoração e veneração. Adorar significa ‘prestar culto a...’ e Venerar significa ‘reverenciar, fazer memória, ter grande respeito a...’

O Concílio de Trento legitimou, formalmente, o uso das imagens litúrgicas. As imagens de Jesus Cristo, da Mãe de Deus, e dos outros santos, podem ser adquiridas e conservadas, sobretudo nas Igrejas, e se lhes pode prestar honra e veneração; não porque há nelas qualquer virtude ou qualquer coisa de divino, ou para delas alcançar qualquer auxílio, ou porque se tenha nelas confiança, como os pagãos de outrora, que colocavam a sua esperança nos ídolos, mas, sim, porque o culto que lhes é prestado dirige-se ao original que representam, de modo que nas imagens que possuímos, diante das quais nos descobrimos ou inclinamos a cabeça, nós adoramos Cristo, e veneramos os santos que elas representam (Sessão XXV).

“Os Santos e os Anjos, tendo sido confirmados na vontade de Deus, recebem d'Ele graça e glória em abundância, e é justo venerá-los a esse título, pois isso redunda em oferecer louvor e acção de graças ao próprio Deus (…). (Compêndio da Doutrina Católica, edição revista, Art.º 72). “Veneram-se imagens e estátuas do Cristo e dos Santos para sustentar a Fé, adorar o Cristo, venerar os Santos. Esse acto também se torna louvor a Deus." (idem, Art.º 170).

É, neste contexto que, venerando Santa Suzana, por mais humilde que seja a festividade, também se exalta a comunidade católica sob a sua protecção. Ela é a medianeira da comunidade da Carapinheira junto de Cristo Soberano, pois é uma eleita de Deus, uma santa virtuosa, pura como o lírio, virgem e mártir, cujo modelo de vida é um estímulo em busca da santidade. A Bíblia diz-nos claramente que todos nós podemos ser santos. Porém, Santa Suzana, e todos homens e mulheres que estão nos nossos altares, diferenciam-se de nós pela sua adesão imarcescível a Jesus.

Como referimos, festejar o padroeiro é celebrizar a comunidade que é constituída por todos os paroquianos, residentes ou não, e pelos pastores que zelam pelo seu “rebanho”. Porque “o pároco é o pastor da paróquia que lhe foi confiada e presta a cura pastoral à comunidade que lhe foi entregue, sob a autoridade do Bispo diocesano, do qual foi chamado a partilhar o ministério de Cristo, para que, em favor da mesma comunidade, desempenhe o múnus de ensinar, santificar e governar, com a cooperação ainda dos outros presbíteros ou diáconos e com ajuda de fiéis leigos nos termos do direito”. É desta forma que o cânone 519 se refere ao ministério do pároco nomeado para servir uma comunidade. Antes de mais, o pastor da paróquia – o pároco – serve em favor da comunidade cristã para onde é enviado. Ele tem, como refere o cânone, o dever de ensinar, santificar e governar a comunidade. O pároco busca a união de todas as células paroquiais, para um crescimento harmonioso da comunidade. Neste sentido, a paróquia, que é como uma célula da diocese, deve oferecer “um exemplo claro de apostolado comunitário, que congrega na unidade toda a diversidade humana que aí se encontra e a insere na universalidade da Igreja”.

Neste contexto, e de certo modo, celebrar o dia da comunidade, exultando o padroeiro, deve ser o momento próprio para comemorar “o dia da família paroquial”. Deve ser um dia diferente: celebrativo, aglutinador, esplendoroso, de união,partilha, solidariedade. Um dia em que os presentes devem recordar e orar pelos antecessores membros e pastores da comunidade e também interceder, em acção de graças, pelos actuais paroquianos e presbíteros. Lembrar, em comunhão, na celebração da Eucaristia e de uma prédica alusiva, todos os paroquianos e presbíteros que ao longo de cerca de quatro séculos edificaram a comunidade paroquial da Carapinheira deve constituir, por certo, um desiderato a concretizar dia 11 de Agosto, data em que a Igreja exalta a virgem e mártir Santa Suzana, medianeira da comunidade católica da Carapinheira. É o que vai acontecer, com a participação do pregador padre Dr. Jesus Ramos, na celebração que dia 11 de Agosto que encerra as festividades em louvor de Santa Suzana.

Aldo Aveiro

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