Carapinheira venera Nossa Senhora das Dores há 221 anos

25-08-2010 17:43

 “No anno de 1788 desejando este povo ter na sua egreja uma imagem que lhe representasse a Mãe de Deus nas angustiosas dôres da morte de seu muito amado Filho, deliberaram ir um dos devotos com o parocho, então cura, o padre José da Costa e Silva, e foram a Coimbra ao convento da Santo Antonio da Estrella, por que ahi havia um frade que além da missa e ser pregador, se dedicava ás bellas artes, de pintura e esculptura, sendo especialista em quadros e imagens religiosas e lhe encommendaram a imagem, que é de tamanho natural duma mulher regular e é de vestir; as suas feições são com tanta naturalidade e belleza, que nem a afflição de chorar e com as lagrimas a resvalar pelo rosto abaixo, lhe fazem perder o bello das suas feições, tão naturaes e com tanta sabedoria ellas foram traçadas; tem a cara um pouco levantada e os olhos inclinados ao céo como supplicando; é de uma devoção a quem a vê, inexplicavel, e parece inspirar no coração dos fieis a crença de que ella está viva para os ouvir e attender (...) Todas as despezas do seu feitio, sete setas (ou espadas) diadema, roupas compradas e mandadas fazer, foram pagas a titulo de esmolas por aqueles serviços, e também veio benta pelo superior do mesmo convento; (...).

Foi nestes termos que, em 1899, na sua “Memória histórico e Descriptiva da Freguezia da Carapinheira”, Francisco Correia Lopes começou por descrever a manifestação de “devoção do povo da Carapinheira para com a Virgem Maria”, culto que emerge de tempos imemoriais.

E continua: “Teve collocação no seu altar n'esta egreja, com a sua primeira festa no dia 4 de Janeiro de 1789, fez portanto, a 4 de Janeiro de 1889, 110 anos n'esta egreja a sua primeira festa foi com alegria como era muito natural, mas foi modesta attentas as muitas outras despesas que haviam feito, havendo só missa cantada e sermão que se pagou por 1$600 reis apezar do orador vir de Coimbra, e com uma dúzia de foguetes que custaram 1$200 reis. (...) a devoção com a Senhora das Dôres n'esta freguezia tem augmentado e feito elevar a sua festa a tal ponto de luxo que difficil será imital-a em terra alguma d'este districto de Coimbra; e, mesmo em Coimbra, só a excede a festa da Rainha Santa, o que não admira, por que lá dispõem de todos os elementos de que precisam para o luxo e grandeza, tendo a coadjuval-a todas as corporações civis e religiosas de todas as freguezias da cidade na sua procissão; e nós aqui servimo-nos só com o nosso pessoal e objectos; por isso é mais para admirar aqui a grandeza d'esta festa do que em Coimbra a da Rainha Santa. (...) ”

Com solenidade litúrgica no dia 15 de Setembro, Nossa Senhora das Dores é festejada, na Carapinheira, bienalmente, no penúltimo domingo de Agosto (ou por motivo inesperado no princípio de Setembro), a partir do séc. XX.

Este ano, aliando o religioso ao popular, a festa pretende também ser um meio de angariação de fundos para a construção de um lar de idosos, cuja estrutura terá capacidade para receber 27 utentes. A festividade arrancou dia 19 de Agosto para terminar dia 29. O programa religioso, essência da festividade, inclui duas procissões de velas (uma realizada dia 19 e outra hoje), e outras práticas litúrgicas, atingindo o auge dia 22, com a celebração da eucaristia, pelas 16h00, animada pelo Grupo Coral Paroquial da Carapinheira, seguida da majestosa procissão que integra a veneranda imagem de Nossa Senhora das Dores.

O programa de animação popular decorre, no pavilhão multiusos, cujo espaço envolvente se torna num autêntico arraial, onde os naturais e visitantes têm oportunidade se divertirem e conviver, visitar as exposições e a quermesse e recuperar energias nas “tasquinhas” que servem bons petiscos e bebidas.

A Festa da Carapinheira conta com a ajuda da população, de algum tecido empresarial, da Junta de Freguesia da Carapinheira e da Câmara Municipal de Montemor-o-Velho, assim como das colectividades locais que actuarão gratuitamente, num gesto solidário para com a organização e a comunidade.

 

Programa:

Dia 21

21h00 - Celebração da Eucaristia,

22h00 - Procissão, que reconduzirá a imagem de Nossa Senhora das Dores, que esteve à veneração dos fiéis de 19 a 21 na capela de Santo Amaro) à Igreja, acompanhada pela Filarmónica do Alqueidão;

Dia 22

16h00 - Celebração da Eucaristia, seguindo-se a tradicional procissão solene, no seu itinerário habitual, conduzindo a Imagem de Nossa Senhora das Dores com Guarda de Honra, e na qual se incorporarão o grupo de escuteiros, três irmandades, o palio, as bandas filarmónicas de Montemor e Alqueidão, muitas figuras litúrgicas e centenas de devotos;

22h00 – Noite de Folclore, com actuação do Rancho Folclórico da Carapinheira, Grupo Regional do Seixo e Rancho Folclórico Honra e Glória de Arrentela-Seixal.

00h00 - Lançamento de vistoso fogo-de-artifício;

 

Dia 26

9h00 - Feira Anual, com animação por um Grupo de Gaiteiros;

13h00 – Almoço-convívio - Sardinhada

17h00 - Vacada à vara larga

22h00 – Actuação da Escola de Dança Afriklave

23h00 - Actuação do artista Quim Barreiros

23h30 - Animação com DJ Frank Bullace

 Dia 27

17h00 - Vacada à vara larga, com treino de Forcados Amadores;

22h00 - Actuação do Conjunto Algazarra;

23h00 - Actuação da artista Rebeca

00h30 - Conjunto Algazarra

02h00 - Animação com DJ Frank Bullace

 

Dia 28

9h00 - Manhã desportiva - Jogos Tradicionais

17h00 - Vacada à vara larga

22h00 - Baile com o conjunto Alta Rotação

23h00 - Fados com Michael Salgado

00h00 - Continuação do baile

02h00 - Animação com DJ Frank Bullace

 

Dia 29

16h00 - Leilão de Ofertas, animado pela Academia de Dança Los Rumeros

22h00 – Actuação da Orquestra Ligeira da Carapinheira

23h00 - Actuação do Grupo Wannabbe’s

 

Aldo Aveiro (21-08-2010)

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