Bento XVI elogiou “valores e princípios” cristãos de D. Nuno Álvares Pereira

29-04-2009 23:49

 “Nuno de Santa Maria -Herói e Santo de Portugal; sinto-me feliz por apontar à Igreja esta figura exemplar” disse o Papa

 Bento XVI elogiou “valores e princípios” cristãos de D. Nuno Álvares Pereira

 “ «Sabei que o Senhor me fez maravilhas. Ele me ouve, quando eu o chamo» (Sal 4,4). Estas palavras do Salmo Responsorial exprimem o segredo da vida do bem-aventurado Nuno de Santa Maria, herói e santo de Portugal”, disse o Papa em língua portuguesa, na homilia de missa de canonização.

Bento XVI canonizou dia 26 de Abril, no Vaticano, Dom Nuno Álvares Pereira, conhecido entre os portugueses como o Santo Condestável. Na cerimónia, o Papa destacou a vida do agora São Nuno, o Condestável, elogiando o facto de, mesmo em confrontos militares, ter mantido os “valores e princípios” cristãos. A vida do Condestável é uma “prova de que, em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível actual e realizar os valores e princípios da vida cristã”, afirmou Bento XVI na homilia das cerimónias perante os milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, muitos dos quais portugueses.

 A parte do discurso proferida em português e dedicada ao novo São Nuno, Bento XVI recordou também que durante a sua vida, Portugal veio a “consolidar a sua independência de Castela e estender-se depois pelos oceanos”, permitindo a “chegada do Evangelho de Cristo até aos confins da terra”. “São Nuno sente-se instrumento deste desígnio superior” e assumindo o “serviço de testemunho que cada cristão é chamado a dar no mundo”, optou por uma “intensa vida de oração e absoluta confiança no auxílio divino”, salientou o Papa.   
Bento XVI explicou que “embora fosse um óptimo militar e um grande chefe, nunca deixou os dotes pessoais” sobreporem-se à fé, “imitando Nossa Senhora de quem era devotíssimo e a quem atribuía publicamente as suas vitórias”, recordando que o Condestável, no fim da sua vida, se retirou para “o convento do Carmo por ele mandado construir”.
O Papa confessou sentir-se “feliz por apontar à Igreja inteira esta figura exemplar nomeadamente pela presença duma vida de fé e oração em contextos aparentemente pouco favoráveis à mesma, sendo a prova de que em qualquer situação, mesmo de carácter militar e bélica, é possível actuar e realizar os valores e princípios da vida cristã, sobretudo se esta é colocada ao serviço do bem comum e da glória de Deus”.

 No guião da cerimónia, a Santa Sé classifica o Condestável como o “homem mais rico de Portugal” do seu tempo que "por amor de Deus fez-se pobre, inteiramente pobre" e “distribuiu todos os seus bens pela Igreja, pelos pobres, pela família e pelos antigos companheiros de armas”. “Só por ordem do rei é que deixou de andar pelas ruas a pedir esmola para os pobres" e "do que o rei lhe mandava para seu sustento, distribuía tudo o que podia pelos pobres, socorrendo e assistindo na agonia aos moribundos”, refere ainda o guião.

Nas cerimónias, concelebraram, com Bento XVI e vários elementos da cúria romana, os cardeais D. Saraiva Martins e D. José Policarpo, o presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, e os bispos D. José Alves (Évora), D. Antonino Dias (Portalegre), Vitalino Dantas (carmelita de Beja), o superior geral da Ordem do Carmo em Portugal, frei Agostinho Castro, além de outros sacerdotes.

No decurso do cerimonial, D. Guilhermina de Jesus, de Vila Franca de Xira, a mulher cuja cura do olho sustenta o milagre que permitiu o processo canónico, foi chamada para levar um dos símbolos de D. Nuno (a imagem, velas ou flores) que irão representar o Condestável, acompanhada do seu filho, Carlos Evaristo, e do presidente da Fundação da Batalha de Aljubarrota, Alexandre Patrício Gouveia.    

Condestável e Santo de Portugal       

Nuno Álvares Pereira, fundador da Casa de Bragança, nasceu em Cernache do Bonjardim em 24 de Julho de 1360. Filho de D. Álvaro Gonçalves Pereira, entrou aos 13 anos na corte de D. Fernando (rei de 1367 a 1383) como pajem da rainha D. Leonor de Teles. Destacando-se logo em jovem num ataque dos castelhanos a Lisboa, foi armado cavaleiro.

Em 1385, D. Nuno foi nomeado por D. João I como o Condestável do Reino. Conquistou o Minho para a causa e, depois da vitória de Trancoso em Maio ou Junho, cortou a arrojada avançada castelhana com a memorável Batalha de Aljubarrota, a 14 de Agosto de 1385.

Após a morte da mulher, e mais tarde, da filha, resolve, em 1423, doar todos os bens aos pobres e recolher-se ao Convento de Nossa Senhora do Vencimento do Monte do Carmo, em Lisboa, que ele próprio mandara construir e onde morreria em 01 de Abril de 1431. Os seus restos mortais encontram-se na Igreja do Santo Condestável, em Lisboa, desde 1951, depois de terem sido trasladados por oito vezes. AA

 (Ver mais sobre o condestável no jornal Comunidades a Caminho, de 26 de Abril de 2009).      

 

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