Ai de mim se eu não topar esta missão

21-10-2009 23:19

 

Ai de mim se eu não topar esta missão...

 

Perante o chamamento de Deus muitos procuram fugir, protelar ou passar a sua responsabilidade para outras pessoas. Reflectindo a caminhada profética, a letra de um cântico, alerta os cristãos: “Ai de mim se eu não disser a verdade que ouvi/ Ai de mim se me calar quando Deus me mandar falar”. Neste sentido podemos colocar a reflexão: “Ai de mim se eu não topar esta missão!”Até porque o Apóstolo Paulo nos ensina: “Ai de mim se não evangelizar!”.

Deus chama-nos para uma missão profética. Ele mostra-nos a situação da grande maioria da humanidade, principalmente os desprezados pelo poder político, económico e religioso, oprimidos, órfãos, violentados e assassinados. Surge aqui a missão dos cristãos que se traduz em “arrancar e arrasar, demolir e destruir, construir e plantar”. Deus está no meio do povo, caminha com o povo, chora, grita e está com o povo.

E nós, cristãos evangelizadores, temos como desafio: captar e fazer a experiência do “Deus do Pobre da terra” presente na história humana, explicar e modificar esta experiência em Boa Nova para os pobres; encarná-la e expressá-la em novas formas de vida no sentido de que o povo possa perceber o seu alcance para a vida e despertar, por meio dela, para a sua própria missão evangelizadora.

Jesus, o Filho de Deus, “sendo rico, fez-se pobre” (2Cor 8,9), opção radical que não pode ser desfeita por nenhum raciocínio. Não tinha a protecção de nenhuma classe. Era conhecido como o carpinteiro (Mc 6,3), ou filho do carpinteiro (Mt 13,55). Não nasceu no meio de riquezas, mas numa estrebaria e, assim, desde o seio materno, sofreu as consequências do sistema opressor dos romanos. Viveu numa época profundamente conflituosa e num país dividido. Havia conflitos de vários níveis: económicos, sociais, políticos, ideológicos, religiosos. O povo estava sem condições de reencontrar ou de reconstruir a unidade. Jesus tomou posição clara no meio destes conflitos: foi fiel ao Pai ficando do lado dos pobres até à morte! Ficar do lado dos pobres, do povo sofredor, era o mesmo que ficar do lado do Pai: “Eis-me aqui para fazer a tua vontade!” (Hb 10,7.9). Não foi fácil ficar agarrado ao Pai e ao povo pobre. Jesus sofreu e foi tentado para entrar por outros caminhos (Mt 4,1-11; Mc 8,33). Jesus nunca buscou uma saída individual, nunca buscou privilégios para si. Jesus revelou um Deus diferente do deus ensinado pela religião oficial.

“Ai de mim se não evangelizar!” “Ai de mim se não topar esta missão!” Ai de mim se não evangelizar a partir de uma prática coerente que seja capaz de tornar a realidade transparente e de apontar nela os fatos onde Deus está presente para libertar o seu povo. Ai de mim se não fizer da paróquia, da comunidade “a carta de Cristo, reconhecida e lida por todos os homens e mulheres” (2Cor 3,2.3). “Ai de mim...!”

AA

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