Paróquia de Santa Susana

 

A leitura de antiquíssimos, mas preciosos, pergaminhos levam-nos a crer que a paróquia da Carapinheira emergiu do medieval Logo da Ribeira dos Moinhos, instituído como terça e vínculo de morgadio ‘por testamento que mandou fazer Fernão da Fonseca, da vila de Montemor-o-Velho, a seu filho Lopo da Fonseca, outorgado aos três dias do mez de março de 1453 da era de Christo, pelo tabelião Vasco Pevides’. A instituição do morgadio refere ‘…faço e ordeno, e tomo por minha terça, os meus outo moinhos que tenho na Ribeira dos Moinhos, e terras feitas e mattos maninhos, que começam desde a fonte do Calado e acabam na oitava azenha, tudo águas vertentes de estrada a estrada, da que vem de S. Pedro de Zujara à carreira dos Almocreves; ordeno, quero e me apraz e faço morgado, com quarenta missas cada anno enquanto o mundo durar…’

No arrolamento de moradores do reino, mandado fazer por D. João III, por carta de 17 de Julho de 1527, Jorge Fernandes foi encarregado de inventariar ‘a população e extensão do termo de “Môto Mor o Velho”, anotando, entre outras “a povoação de Ribeira de Moinhos, com 69 “vizinhos”, localidade importante, pois, segundo os historiadores, era habitada por cerca de 200 moradores.

Uma nota do P.e André Gomes, que veio em visita pastoral, mandado do então Bispo-Conde reverendíssimo D. Manuel de Meneses, no dia 13 de Dezembro de 1575, diz que visitou a “egreja no valle das Bocas, à Ribeira dos Moinhos, na quinta da Malta, e tem padre-cura, sujeito ao prior de S. Miguel de Montemor, sendo S. Paio seu orago”.

Em 1580, no livro de registos dos óbitos da paróquia de S. Martinho de Montemor encontramos, entre outros, os seguintes assentos: “Beatriz faleceo a sete de dezembro de mil quinhentos e oitenta, não fez testamento, jaz na igreja de Santa Susana a Velha que hagora he de Sam Paio da Ribeira de moinhos,” e, no mesmo livro, em 1581 “Francisco Dias, morador no casal de Francisco de Pina ou Alhastro, faleceo a cinco de janeiro de mil quinhentos e outenta e um…em santa Susana a velha que agora he Sam paio…”

Também o Cura da Carapinheira, licenciado André Roiz Carreira, nas suas informações paroquiais de “outo de Mayo de mil sete centos e vinte e hum annos”, ao descrever as ermidas existentes na paróquia, refere que “…a que se segue na antiguidade he de Sam Giraldo, cuja fábrica he particular (…) está situada na Ribeyra dos Moinhos (…). A igreja paroquial he padroeyra Santa Suzana, edificada no lugar da Carapinheyra a sento e sinquenta annos (1571). Antes disso já era freguesia de que era padroeyro Sam Paio, estava situada na Ribeyra dos Moinhos dentro de húa quinta de Malta sogeita a Comenda de Santa Maria de Enxumil”…

Conclui-se, assim, que antes de 1571 já existia uma ‘paróquia’ dedicada a Santa Suzana, situada à Ribeira de Moinhos, tendo mudado a sede canónica para o actual lugar, dando origem à actual paróquia da Carapinheira, com jurisdição eclesiástica da paróquia de S. Miguel de Montemor. Assim se compreende as anteriores descrições “…na igreja de Santa Susana a Velha que hagora he de Sam Paio de Ribeira de moinhos”, que ‘perdendo’ a primitiva padroeira ora transferida para a nova igreja na Carapinheira, passou a ter como (novo) patrono Sam Paio, sendo este templo ainda referido, por tradição, como igreja de “Santa Susana a Velha”.

A paróquia da Carapinheira conquistou o privilégio de elevação a priorado, obtendo autonomia eclesiástica, com o bispo Frei Joaquim de Nossa Senhora da Nazaré (1824-1851), sendo seu primeiro prior o presbítero egresso Lourenço Pereira de Vasconvellos, cuja nomeação foi outorgada pela rainha D. Maria II, por decreto de 30 de Abril de 1841.

Na paróquia de Santa Susana da Carapinheira existem três corporações religioso-culturais e de beneficência: a confraria das Almas, organizada em 1724, data do seu primeiro compromisso; a do Santíssimo, cujo compromisso é de 1733, mas que – no mesmo se regista – “desde tempos imemoriais se tem governado sem ele” e a da Nossa Senhora do Rosário, instituída em 1743, data do seu compromisso. Os registos de casamento tiveram início em 1614, os de baptismos em 1618 e os de óbitos em 1623.

A primitiva imagem de Santa Suzana, “muito milagrosa” (que ainda hoje existe), veio daquela igreja para a nova igreja da Carapinheira.

Actualmente, a freguesia da Carapinheira é sede de arciprestado, pertencendo à Região Pastoral da Beira-Mar, da diocese de Coimbra.

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