Domingo do Bom Pastor

27-04-2009 17:48

O Domingo IV da Páscoa (este ano, dia 3 de Maio) é considerado o “Domingo do Bom Pastor”, pois todos os anos a liturgia propõe, neste domingo, um trecho do capítulo 10 do Evangelho segundo João, no qual Jesus é apresentado como “Bom Pastor”. É, portanto, este o tema central que a Palavra de Deus põe hoje à nossa reflexão.

O Evangelho apresenta Cristo como “o Pastor”, cuja missão é libertar o rebanho de Deus do domínio da escravidão e levá-lo ao encontro das pastagens verdejantes onde há vida em plenitude (ao contrário dos falsos pastores, cujo objectivo é só aproveitar-se do rebanho em benefício próprio). Jesus vai cumprir com amor essa missão, no respeito absoluto pela identidade, individualidade e liberdade das ovelhas.

A segunda leitura apresenta-nos também Cristo como “o Pastor” que guarda e conduz as suas ovelhas. O catequista que escreve este texto insiste, sobretudo, em que os crentes devem seguir esse “Pastor”. No contexto concreto em que a leitura nos coloca, seguir “o Pastor” é responder à injustiça com o amor, ao mal com o bem.

 A primeira leitura traça, de forma bastante completa, o percurso que Cristo, “o Pastor”, desafia os homens a percorrer: é preciso converter-se (isto é, deixar os esquemas de escravidão), ser baptizado (isto é, aderir a Jesus e segui-l’O) e receber o Espírito Santo (acolher no coração a vida de Deus e deixar-se recriar, vivificar e transformar por ela).

Pastor lembra cuidar, proteger e conduzir. Jesus Cristo identificou-se como o bom pastor, colocando para si mesmo a missão do cuidar e do conduzir o povo. Em João 10,11-18 encontramos as seguintes palavras: “Eu sou o bom pastor: conheço minhas ovelhas, e elas me conhecem, assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou a vida pelas ovelhas. Tenho também outras ovelhas que não são deste curral. Também a elas eu devo conduzir; elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. O pai me ama, porque eu dou a minha vida para retomá-la de novo. Ninguém tira a minha vida; eu a dou livremente. Tenho poder de dar a vida e tenho poder de retomá-la. Esse é o mandamento que recebi do meu Pai”.

O texto bíblico permite-nos compreender que Jesus, identificando-se como o bom pastor, quer proteger a comunidade do mal. E, por isso, orienta e coloca-se ao serviço de todos, mesmo daqueles que não O reconhecem, indicando o caminho para a vida plena e para a liberdade.

É também uma forte motivação para os “pastores” das diferentes paróquias, cuja missão é, porventura, a dimensão mais bela do seu ministério: aceitaram ser “pastores do Povo de Deus”. Todavia, o Povo tem um único Pastor, Cristo que Se chamou, a Si Mesmo, o Bom Pastor: “Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e elas conhecem-Me. (…) Eu dou a vida pelas ovelhas” (Jo. 10,11). Mas, os párocos são pastores, como sacramentos de Cristo Bom Pastor. Na verdade, ao serem consagrados, Ele quer continuar a ser Pastor através dos sacerdotes, com a sua bondade e capacidade de dom, com a sua palavra e os seus gestos. Em tudo o que os padres são e fazem deve exprimir-se na bondade de Cristo, na sua solicitude pelo rebanho, que é a Igreja.

A este propósito, lembremo-nos das palavras do Papa João Paulo II: “Os presbíteros são, na Igreja e para a Igreja, uma representação sacramental de Jesus Cristo, Cabeça e Pastor, proclamam a Sua palavra com autoridade, repetem os seus gestos de perdão e oferta de salvação, nomeadamente com o Baptismo, a Penitência e a Eucaristia, exercitam a sua amável solicitude, até ao dom total de si mesmos, pelo rebanho que reúnem na unidade e conduzem ao Pai por meio de Cristo no Espírito. Numa palavra, os presbíteros existem e agem para o anúncio do Evangelho ao mundo e para a edificação da Igreja em nome e na pessoa de Cristo, Cabeça e Pastor” (João Paulo II, Pastores Dabo Vobis, n. 15).

Esta situação de serem sacramentos do Bom Pastor, transforma e define a qualidade de todas as suas atitudes. “Os presbíteros são chamados a prolongar a presença de Cristo, único e Sumo Pastor, actualizando o seu estilo de vida e tornando-se como que a sua transparência no meio do rebanho a eles confiado” (João Paulo II). Esta é, já, a visão do presbítero, nas cartas do Apóstolo São Pedro: “Recomendo aos presbíteros que estão entre vós, eu presbítero como eles, testemunha dos sofrimentos de Cristo e participante da glória que se deve manifestar: apascentai o rebanho de Deus que vos foi confiado, olhando por ele, não constrangidos, mas de boa vontade, segundo Deus, não por ganância, mas por dedicação; não como dominadores sobre aqueles que vos foram confiados, antes tornando-se modelo do rebanho” (1Pet. 5,1-4).AA

 

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