Freguesia-Vila

 

Carapinheira nos campos do Mondego

 

A freguesia da Carapinheira estende-se, por uma área de cerca de 15,90 Km2, por terras de campo e por uma suave e soalheira colina sobranceira aos campos do Mondego, distando escassos 5 Km da vila de Montemor e a meia distância entre Coimbra e Figueira da Foz. Tem limites, a norte com Arazede, a sul com Santo Varão (Rio Mondego) e Montemor-o-Velho, a nascente com Meãs e Tentúgal e a poente com Montemor-o-Velho e Seixo.

O P.e Luís Cardoso, em 1751, escreveu que a “Carapinheira é uma freguesia na província da Beira, Bispado e comarca de Coimbra, tem trezentos e sessenta fogos, está situada em terra plana parte della, e alguns casaes pertencentes à mesma freguesia em montes; e avistam-se della o lugar das Meãs, reguengo da Casa de Aveiro, Pereira, Formoselha, Santovaram, Granja e Alfarelos, terras situadas dalém do Mondego…”

A origem do topónimo ‘Carapinheira’ continua enigmática, apesar de algumas conjecturas: ‘carapinha’, por ainda existir um povoado com o nome de Casal dos Prêtos; ‘Casal da Clara Pinheira’, lugar próximo donde está edificada a Igreja; ‘carapinheira’, nome de uma pequena pereira que dá pequenas peras suculentas e que existiam, em abundância, nesta região.

Como todas as antigas freguesias, também a freguesia da Carapinheira é sucedânea da paróquia da Carapinheira que emergiu - tudo indica - da instituição do ‘Logo e Morgadio da Ribeira de Moinhos (ou do Cabral), em 1453, povoação importante referida no arrolamento que D. João III mandou fazer em 1527 (ver Paróquia de Santa Susana). Porém, a primeira referência à Carapinheira aparece em 16 de Junho de 1450 quando o rei D. Afonso V nomeia João Eanes da Carapinheira monteiro e guarda-mor da mata da “Botelha à Torre”. Seria, pois, um lugar de uma das freguesias medievais de Montemor. No século XVI é frequente a citação do topónimo em cartas de emprazamento, podendo o seu desenvolvimento estar ligado à expansão da cultura do milho.

Mas, olhando para os topónimos existentes na freguesia fica-se com uma ideia da antiguidade do povoamento: Bandorreira tem raíz pré-romana; Lavariz deriva do medievo “villa Leoderici”; Alhastro era a “villa Oleastrelo ou Oleastro, de raíz fenício-romana. Relativamente a Alhastro a primeira referência remonta ao ano 954, quando o moçárabe Rodrigues Abulmundar doou a povoação, juntamente com Tentúgal e Sendelgas, ao Mosteiro do Lorvão. A atribuição por D. Afonso III de carta de povoamento, conjuntamente com Póvoa de Santa Cristina (Tentúgal) é outra prova da importância da povoação na Idade Média.

Esta freguesia tem lugares aglomerados (que mais parecem bairros citadinos) e casais dispersos, dos quais se enumeram: Alagoa, Além do Porto, Alhastro, Bandorreira (de Baixo e de Cima), Bolêta, Cabeça Gorda, Cabeço, Carapinheira, Casal de Além, Casal dos Alhos, Casal da Areia, Casal do Corso, Casal do Frade, Casal das Helenas, Casal do Mato, Casal do Meio, Casal dos Moutinhos, Casal dos Nobres, Casal dos Pretos, Casal do Simão, Chãs (de Baixo e de Cima), Corgo, Cotovia, Cruz de Santo António, Fontaínhas, Ladeira dos Caiados, Ladeira do Carmo, Ladeira do Malva, Lavariz, Lomba, Levada, Mata, Nobrezos, Palheiras, Pelâmes, Pinhal do Cruz, Pinhal da Segunda, Porto Luzio, Quinta, Rêgo do Rei, São Geraldo, Vale Canosa, Vale Forno, Vale Negro, Vale do Poço e as quintas do Aido, Boa Jóia, Bolêta, Cabral, Malta e Outeiro. 

É crível que o desmembramento destas extensas quintas, integradas no Logo e Paróquia de Ribeira dos Moinhos, e o afluxo da população para nascente, lugar mais central, esteja na origem da actual área administrativa da Carapinheira, que, como curato, esteve anexada à paróquia de S. Miguel de Montemor, havendo ainda, em tempos idos, alguns lugares sujeitos a outras antigas freguesias Montemor: Santa Maria de Alcáçova, Santa Maria Madalena, S. Martinho e S. Salvador.

As terras da Carapinheira pertenceram aos duques de Aveiro, onde punham a sua justiça, passando em 1759, devido ao atentado contra o rei D. José, para o Duque do Cadaval até 1834, altura em que é incorporada nos bens da coroa. Pertencendo, civilmente, sempre ao concelho de Montemor-o-Velho, a Carapinheira, no âmbito forense já pertenceu às comarcas da Figueira da Foz e Coimbra e actualmente a Montemor-o-Velho. Entretanto, pela divisão judicial, instituída por decreto de 12 de Novembro de 1875, foi julgado de comarca que também incluía a freguesia de Seixo; o decreto de 6 de Agosto de 1896, instituiu o distrito de paz da Carapinheira, abrangendo também as freguesias de Arazede e Liceia.

No dia 13 de Julho de 1990, foi elevada à categoria de Vila.

© 2008 Todos os direitos reservados.

Crie o seu site grátisWebnode